segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Flor do ópio

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O amor é deveras ilícito.
Os corpos noturnos vestem
toda a tua overdose de mundo.

O amor é deveras noturno.
Naquelas cadeiras dos bares,
Um usuário imundo,
e o movimento dos ares...
Este ópio que bebestes
- em goles fartos!
É a dor que sentistes
nos becos profundos.
- Cicatrizes da flor,
Meu novo defunto!

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Vagabundo de si.

Me varro os becos da insanidade
Ao alimentar-me, pelos cantos, de moralidade.
Vago em desconhecer-me, vagabundo...
Perambulando na embriaguez de meu
Na inquietude do mundo
Nas noites em que sou eu, naquelas que sou tudo...
Em todas as que findei, sujismundo!

domingo, 16 de novembro de 2008

A poesia do renascimento

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Eis que se levanta um poeta morto
do túmulo frio, da madeira concisa
da desesperança e do pensamento torto.

Meu mundo, poeta, de poesia precisa
Lance-a à vida como num poema aborto,
De forma impetuosa e imprecisa
Como o fez a terra, meu morto,
Rasgando-lhe o ventre de poetisa.

A quimera mínima que é a vida
- se transcendeu.
Nesta humilde poesia íntima
Você morto era eu.
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Nota aos leitores - os declarados e anônimos.

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Reabro este blog como quem reinicia uma leitura, reencontrando a história e os próprios personagens. É que o poeta, ora e outra, costuma fugir de seus heterônimos, que insistem não deixá-lo de alma quieta, noutras horas, são eles mesmos os que fogem do poeta.

Álvaro Alves